A infância e as origens humildes
Nascido em 23 de outubro de 1940, na cidade de Três Corações, em Minas Gerais, Edson Arantes do Nascimento, o eterno rei Pelé, cresceu em uma família simples. Filho de João Ramos do Nascimento (Dondinho), ex-jogador de futebol, e Celeste Arantes, Pelé herdou desde cedo a paixão pelo esporte.
Durante a infância, a família enfrentava dificuldades financeiras, e Pelé costumava jogar bola descalço nas ruas, usando meias enroladas ou bolas feitas de pano e papel. Essas brincadeiras, aparentemente ingênuas, foram o início da formação de um talento que o mundo jamais esqueceria. A trajetória do rei Pelé é um dos exemplos mais inspiradores de superação, dedicação e amor ao futebol.
A descoberta do talento
Pelé começou a jogar em clubes amadores ainda menino. Aos 11 anos, já se destacava pelo Bauru Atlético Clube, onde foi treinado por Waldemar de Brito — o homem que o levaria ao Santos Futebol Clube. Waldemar acreditava que o garoto tinha potencial para se tornar o melhor do mundo, e sua previsão se confirmou de forma extraordinária.
Em 1956, com apenas 15 anos, Pelé foi contratado pelo Santos, e logo estreou entre os profissionais, marcando seu primeiro gol. A partir daí, iniciou-se uma das carreiras mais brilhantes da história do futebol. Seu estilo habilidoso, a visão de jogo e a capacidade de decidir partidas logo o transformaram em ídolo não apenas no Brasil, mas também no exterior.
O auge no Santos Futebol Clube
Durante quase duas décadas, o rei Pelé defendeu o Santos, clube pelo qual construiu uma relação lendária. Entre 1956 e 1974, marcou mais de 1.000 gols, conquistou dois títulos mundiais interclubes (1962 e 1963), duas Libertadores, dez Campeonatos Paulistas, seis Campeonatos Brasileiros e inúmeros outros troféus.
Nos anos 1960, o Santos se tornou um símbolo do futebol mundial, realizando excursões internacionais que encantaram torcedores em todos os continentes. Pelé era o grande protagonista, levando o nome do Brasil para países da África, Europa e Ásia. Em várias viagens, o time paralisava cidades inteiras apenas para que as pessoas pudessem ver o rei Pelé jogar.
A genialidade de Pelé estava na combinação perfeita entre técnica, força e inteligência tática. Ele era ambidestro, cabeceava com precisão e possuía uma capacidade única de antecipar as jogadas. Sua presença em campo representava a esperança da vitória.
A conquista das Copas do Mundo
O reconhecimento mundial veio com as conquistas da Seleção Brasileira. Pelé estreou na Copa do Mundo de 1958, na Suécia, com apenas 17 anos, e tornou-se o jogador mais jovem a disputar e marcar em uma final de Mundial. O Brasil venceu por 5 a 2 contra a Suécia, e Pelé marcou dois gols decisivos.
Em 1962, no Chile, o Brasil conquistou o bicampeonato, embora Pelé tenha se lesionado no início do torneio. Mesmo assim, sua presença inspirou o time e consolidou o domínio do futebol brasileiro.
Na Copa de 1966, na Inglaterra, o Brasil teve um desempenho abaixo do esperado, e Pelé sofreu com faltas violentas. No entanto, o retorno triunfal veio em 1970, no México, quando o Brasil encantou o mundo com um futebol mágico. Pelé liderou uma geração de craques como Jairzinho, Tostão, Gérson, Rivelino e Carlos Alberto Torres, conquistando o tricampeonato mundial e o troféu Jules Rimet em definitivo.
Com o título de 1970, Pelé tornou-se o único jogador na história a vencer três Copas do Mundo, consagrando-se de vez como o rei Pelé e ícone máximo do futebol mundial.
A despedida do Santos e o período nos Estados Unidos
Após quase 20 anos de glórias no Santos, Pelé anunciou sua aposentadoria em 1974. Porém, em 1975, aceitou o desafio de jogar pelo New York Cosmos, dos Estados Unidos, com o objetivo de popularizar o futebol no país.
Sua chegada ao campeonato norte-americano foi um marco. Com Pelé, o público aumentou, e o esporte ganhou visibilidade inédita. Ele jogou no Cosmos até 1977, conquistando o título da NASL (North American Soccer League) e encerrando a carreira de forma simbólica em um jogo histórico entre o Santos e o Cosmos, em Nova York. Na partida, Pelé atuou um tempo por cada time e marcou o último gol de sua trajetória profissional.
A marca dos 1.000 gols
No dia 19 de novembro de 1969, Pelé marcou o milésimo gol de sua carreira, em partida entre Santos e Vasco, no Maracanã. O gol foi de pênalti, e o estádio inteiro vibrou com a conquista. Emocionado, Pelé dedicou o feito às crianças pobres do Brasil, demonstrando sensibilidade social e consciência de seu papel público.
O “Gol 1000” tornou-se um dos momentos mais emblemáticos da carreira do rei Pelé, celebrando não apenas o atleta, mas também o homem que inspirou gerações.
Vida após os gramados
Depois de pendurar as chuteiras, Pelé manteve uma presença ativa na vida pública. Atuou como embaixador da ONU e da Unesco, defendendo causas humanitárias e incentivando o esporte como ferramenta de inclusão social. Também foi Ministro dos Esportes do Brasil entre 1995 e 1998, período em que defendeu a criação da “Lei Pelé”, responsável por modernizar a gestão esportiva no país.
Pelé também se aventurou no cinema, na música e na literatura, lançando autobiografias e participando de filmes e documentários. Sua influência ultrapassou os limites do futebol, transformando-o em símbolo global de talento, humildade e superação.
Reconhecimento e legado mundial
O legado do rei Pelé é incomparável. Ele foi eleito Atleta do Século XX por entidades como o Comitê Olímpico Internacional e a FIFA, além de ter recebido prêmios e homenagens em todo o mundo. Estima-se que tenha marcado 1.283 gols em 1.367 partidas, uma marca que o coloca entre os maiores artilheiros da história.
Nenhum outro jogador exerceu tamanho impacto cultural e esportivo. Pelé transcendeu o futebol — tornou-se uma referência mundial de excelência, sendo admirado por atletas de todas as modalidades e gerações. Seu nome está eternamente associado à grandeza do esporte.
O adeus ao rei
Pelé faleceu em 29 de dezembro de 2022, aos 82 anos, em São Paulo, após uma longa luta contra um câncer. O Brasil e o mundo se despediram com emoção do homem que levou o nome do país a todos os cantos do planeta. Sua morte marcou o fim de uma era, mas seu legado permanece vivo nas memórias, nos estádios e nos corações de milhões de fãs.
O rei Pelé será sempre lembrado como o símbolo maior do futebol, o jogador que encantou o mundo com alegria, técnica e genialidade. Nenhum outro atleta conseguiu unir tantos povos, transcender tantas barreiras e representar de forma tão perfeita a essência do esporte.
Conclusão
A história do rei Pelé é a de um menino simples que se tornou uma lenda. De Três Corações para o mundo, ele não apenas jogou futebol — reinventou o jogo. Seu talento, disciplina e humanidade transformaram o esporte em arte e fizeram dele um ícone eterno.
Mais do que um atleta, Pelé foi um mensageiro da esperança e do orgulho nacional. Seu legado continuará inspirando gerações futuras, garantindo-lhe, para sempre, o título que nenhum outro jogador poderá reivindicar: o de rei do futebol.