Calcular o custo para construir um prédio de 5 andares exige análise detalhada de fatores técnicos, estruturais e logísticos. Diferente de uma residência unifamiliar, um edifício de múltiplos pavimentos envolve normas de segurança mais rigorosas, maior consumo de materiais e mão de obra especializada. O investimento depende de variáveis como padrão de acabamento, localização do terreno, área construída e métodos construtivos utilizados.
Com o avanço da engenharia civil e o uso de tecnologias como concreto usinado, pré-moldados e sistemas de gestão de obra, tornou-se possível otimizar custos e prazos, sem comprometer a qualidade final. No entanto, estimar o valor total exige uma abordagem sistemática, considerando desde a fundação até o acabamento final.
Fatores que influenciam o custo total da construção

Antes de definir valores, é essencial compreender os elementos que compõem o orçamento global. O custo para construir um prédio de 5 andares pode variar significativamente conforme a estratégia adotada em cada fase.
Os principais fatores são:
- Localização e terreno – solos argilosos, íngremes ou com lençol freático alto demandam fundações mais profundas e caras.
- Área construída – quanto maior o total de metros quadrados, maior o volume de materiais e de mão de obra.
- Padrão de acabamento – prédios de alto padrão têm custos até 3 vezes maiores que os de padrão popular.
- Projeto estrutural – o tipo de fundação, número de pilares e espessura das lajes impactam diretamente o valor final.
- Materiais e tecnologias – o uso de concreto armado, estrutura metálica ou alvenaria convencional altera o custo por metro quadrado.
- Mão de obra e gestão de obra – empresas com profissionais qualificados e planejamento adequado reduzem desperdícios.
- Infraestrutura complementar – elevadores, estacionamentos, áreas de lazer e paisagismo adicionam custos significativos.
Cada item influencia diretamente no valor global, e negligenciar qualquer um deles pode gerar desvios financeiros durante a execução.
Custo médio por metro quadrado
A forma mais prática de estimar o custo para construir um prédio de 5 andares é utilizar o preço médio por metro quadrado, definido conforme o padrão de construção. No Brasil, esses valores variam de acordo com índices da CUB (Custo Unitário Básico da Construção), publicados mensalmente pelos sindicatos da construção civil (Sinduscon).
Valores médios de 2025, considerando regiões urbanas:
- Padrão popular: R$ 2.200 a R$ 2.800/m²
- Padrão médio: R$ 3.000 a R$ 4.500/m²
- Padrão alto: R$ 5.000 a R$ 7.000/m²
Um prédio de 5 andares com 4 apartamentos por pavimento e área total de 1.500 m², por exemplo, teria:
- Popular: cerca de R$ 3,6 milhões
- Médio: cerca de R$ 5,5 milhões
- Alto padrão: cerca de R$ 8 milhões
Esses números incluem materiais, mão de obra, instalações elétricas e hidráulicas, mas não contemplam o valor do terreno nem taxas municipais.

Fundações e estrutura
A etapa de fundação é uma das mais críticas do projeto, pois sustenta toda a carga da edificação. Em solos firmes, é possível utilizar sapatas rasas, mais econômicas. Já em terrenos com baixa resistência ou lençol freático alto, são necessárias estacas profundas.
Os tipos de fundação mais comuns são:
- Sapata isolada: indicada para solos firmes; custo médio de R$ 300 a R$ 500/m².
- Estacas escavadas ou hélice contínua: usadas em terrenos instáveis; custo de R$ 800 a R$ 1.500/m².
A estrutura de concreto armado é a mais utilizada em prédios residenciais de até 10 pavimentos. Alternativas como estrutura metálica ou pré-moldados de concreto podem reduzir o tempo de execução, mas exigem planejamento logístico e transporte especializado.
Alvenaria e vedação
A alvenaria serve como vedação e, em alguns sistemas, também contribui para a sustentação. As opções mais comuns incluem blocos cerâmicos e blocos de concreto, cada um com vantagens específicas.
- Bloco cerâmico: melhor isolamento térmico e acústico.
- Bloco de concreto: maior resistência e rapidez de assentamento.
O custo médio de alvenaria em um prédio de 5 andares é de R$ 250 a R$ 400/m², incluindo argamassa e reboco. Em prédios mais altos, a logística de transporte vertical dos materiais pode aumentar ligeiramente esse valor.
Instalações elétricas e hidráulicas
As instalações são responsáveis pelo conforto e segurança dos usuários. Em construções verticais, o projeto hidráulico deve prever colunas de distribuição de água, reservatórios superiores e bombas de recalque.
Os custos médios são:
- Hidráulica: R$ 180 a R$ 300/m²
- Elétrica: R$ 150 a R$ 250/m²
A qualidade dos materiais é determinante. Tubos e conexões de baixa durabilidade exigem manutenção frequente, o que encarece o custo operacional do prédio ao longo dos anos.
Revestimentos e acabamentos
O padrão de acabamento tem o maior impacto no orçamento. Pisos cerâmicos simples custam cerca de R$ 40/m², enquanto porcelanatos de grandes formatos podem ultrapassar R$ 200/m².
Outros componentes importantes incluem:
- Pintura: R$ 30 a R$ 80/m².
- Esquadrias: R$ 250 a R$ 700/m² (alumínio ou PVC).
- Louças e metais sanitários: R$ 100 a R$ 500 por conjunto.
Em construções multifamiliares, o custo dos acabamentos internos multiplica-se pelo número de unidades, tornando essa etapa decisiva na composição final do investimento.
Elevadores e áreas comuns
Um prédio de 5 andares geralmente exige pelo menos um elevador, principalmente se for destinado a uso residencial. O preço de instalação de um elevador social moderno varia de R$ 180 mil a R$ 400 mil, conforme a marca, capacidade e acabamento.
Além disso, é preciso considerar custos de:
- Casa de máquinas e poço técnico.
- Sistema de energia e gerador de emergência (se necessário).
- Áreas comuns: halls, escadas, corredores e garagens.
Esses espaços costumam representar de 10% a 20% da área total construída e consomem parte significativa do orçamento.
Custos complementares e indiretos
Além dos custos diretos com materiais e execução, há despesas administrativas e legais que devem ser incluídas na projeção do custo para construir um prédio de 5 andares.
Principais custos adicionais:
- Projeto arquitetônico e estrutural: 3% a 5% do valor total da obra.
- Engenharia elétrica e hidráulica: cerca de 2%.
- Taxas e licenças municipais: alvarás, ARTs e ISS (podem chegar a 2%).
- Seguros e fiscalização técnica: até 1%.
- Gestão e controle de qualidade: 3% a 5%.
A soma dessas parcelas eleva o investimento global em aproximadamente 10% a 15%, dependendo do município e da complexidade do projeto.
Exemplo de orçamento simplificado
Para ilustrar, veja um exemplo prático de estimativa para um prédio de 5 andares com 1.500 m² de área construída, padrão médio, em uma cidade de porte médio no Sudeste do Brasil:
| Item | Percentual do custo total | Valor aproximado (R$) |
|---|---|---|
| Fundação e estrutura | 25% | 1.375.000 |
| Alvenaria e reboco | 10% | 550.000 |
| Instalações elétricas e hidráulicas | 12% | 660.000 |
| Acabamentos internos e externos | 20% | 1.100.000 |
| Elevadores e áreas comuns | 10% | 550.000 |
| Mão de obra e administração | 13% | 715.000 |
| Projetos, taxas e licenças | 10% | 550.000 |
| Total estimado | 100% | R$ 5.500.000 |
Esse valor é uma média, podendo variar de acordo com a região e com o padrão de acabamento escolhido.
Diferença entre construção residencial e comercial
O custo para construir um prédio de 5 andares também depende do uso previsto. Edificações residenciais priorizam conforto e estética, enquanto as comerciais demandam infraestrutura elétrica e hidráulica reforçada para suportar equipamentos, ar-condicionado e maior fluxo de pessoas.
Diferenças principais:
- Residencial: foco em conforto térmico e acústico.
- Comercial: reforço estrutural e acessibilidade ampliada.
- Custo médio: prédios comerciais podem custar de 15% a 25% mais que residenciais equivalentes.
Influência da localização geográfica
Os custos da construção civil variam entre estados e até entre cidades de um mesmo estado. Fatores como disponibilidade de mão de obra, preço de insumos e transporte de materiais afetam o orçamento.
Em regiões metropolitanas, como São Paulo e Rio de Janeiro, o custo médio é 20% superior ao de cidades do interior. Já em estados do Norte e Nordeste, os preços podem ser até 15% mais baixos, dependendo da logística.
Impacto da sustentabilidade e eficiência energética
Projetos modernos buscam conciliar economia e sustentabilidade. O uso de painéis solares, sistemas de reuso de água e iluminação LED aumenta o custo inicial, mas reduz despesas operacionais ao longo do tempo.
Em média, a adoção de tecnologias sustentáveis eleva o custo de construção em 8% a 12%, mas proporciona economia de até 30% no consumo de energia e água. Além disso, prédios sustentáveis tendem a ter valorização de mercado superior.

Gestão de obra e controle de custos
A boa gestão é determinante para o sucesso financeiro de uma construção. O uso de softwares de planejamento e controle de orçamento permite acompanhar a evolução física e financeira da obra em tempo real.
Práticas eficazes incluem:
- Planejamento detalhado por etapas.
- Compra antecipada de materiais em lote.
- Controle rigoroso de desperdício.
- Fiscalização técnica constante.
Uma gestão eficiente pode reduzir o custo total em até 10%, evitando retrabalhos e desperdícios de material.
Financiamento e viabilidade econômica
Para quem pretende construir um prédio como investimento, o estudo de viabilidade financeira é fundamental. Ele avalia o retorno esperado com base no custo de construção, valor de venda das unidades e tempo de execução.
Principais indicadores:
- Custo total da obra (CTO).
- Valor de venda potencial (VVP).
- Margem bruta e retorno sobre o investimento (ROI).
Em projetos bem planejados, o ROI pode variar de 25% a 40%, dependendo da localização e do padrão do edifício.
Prazos de construção
O tempo de execução influencia diretamente o custo. Atrasos geram gastos extras com mão de obra e administração.
Um prédio de 5 andares, com 1.500 m² de área construída, leva em média:
- 12 a 16 meses para padrão médio.
- 18 a 24 meses para padrão alto.
A produtividade depende da equipe, das condições climáticas e da disponibilidade de insumos.
Alternativas construtivas modernas
A indústria da construção civil vem adotando sistemas construtivos que reduzem custos e tempo de obra.
Entre os mais eficientes estão:
- Steel Frame: estrutura metálica leve com fechamento em placas cimentícias; ideal para obras rápidas.
- Concreto pré-moldado: montagem modular, reduz mão de obra e desperdício.
- Drywall e forros modulares: agilizam acabamentos internos.
Essas soluções podem reduzir o custo global em até 15%, especialmente em obras de médio porte.
Segurança e normas técnicas
Todo edifício deve seguir normas da ABNT e legislações municipais, incluindo:
- NBR 6118: projeto de estruturas de concreto armado.
- NBR 9077: saídas de emergência em edificações.
- NBR 5410: instalações elétricas de baixa tensão.
- Normas de acessibilidade e prevenção de incêndio.
O não cumprimento dessas exigências pode resultar em multas, embargos e aumento de custos durante a regularização.

Considerações finais
O custo para construir um prédio de 5 andares varia amplamente, mas é possível estimar valores entre R$ 3,5 milhões e R$ 8 milhões, dependendo do padrão, localização e soluções construtivas. Planejamento detalhado, gestão profissional e escolha de materiais adequados são fundamentais para garantir economia e qualidade.
Mais do que levantar uma estrutura, construir um edifício é criar uma obra duradoura, segura e funcional. Um orçamento bem elaborado e executado com controle técnico evita desperdícios, assegura o retorno do investimento e valoriza o patrimônio por décadas.