Sobre a Biografia de Alberto Dines
Infância e formação
Alberto Dines nasceu no Rio de Janeiro, em 19 de fevereiro de 1932. Desde jovem, demonstrou interesse pela leitura, política e cultura. Estudou Direito e Ciências Sociais, mas logo se voltou ao jornalismo, área em que construiria uma das carreiras mais influentes e respeitadas do Brasil.
Início da carreira jornalística
Dines iniciou sua trajetória profissional nos anos 1950, colaborando com veículos como o Diário da Noite e o Jornal do Brasil. Seu talento o levou rapidamente a posições de destaque, e em 1962 tornou-se editor-chefe do Jornal do Brasil, onde permaneceu por mais de uma década.
Durante esse período, modernizou o jornal, introduzindo novas técnicas de edição, hierarquia de informações e tratamento visual — influências que marcaram uma geração de jornalistas e ajudaram a consolidar o Jornal do Brasil como referência nacional.

Resistência durante a ditadura militar
Durante o regime militar brasileiro (1964–1985), Dines se destacou por defender o jornalismo independente e crítico, mesmo sob censura e repressão. Foi demitido do Jornal do Brasil em 1974, após publicar um editorial que fazia críticas indiretas ao governo militar.
Pouco depois, foi convidado a lecionar na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, onde aprofundou sua visão sobre liberdade de imprensa e ética jornalística.
Trabalhos internacionais e docência
Além de sua atuação no Brasil, Alberto Dines teve uma carreira internacional expressiva. Viveu em Lisboa entre 1975 e 1980, onde dirigiu o Diário de Notícias, ajudando a reconstruir o jornalismo português após a Revolução dos Cravos.
Como professor, foi um dos fundadores da Escola de Comunicações e Artes da USP (ECA-USP) e formou gerações de repórteres e editores, influenciando a prática jornalística em todo o país.
O Observatório da Imprensa
Em 1996, Dines fundou o Observatório da Imprensa, um projeto pioneiro de crítica e reflexão sobre o jornalismo brasileiro. O programa teve versões na internet, rádio e televisão, sendo transmitido pela TV Brasil e pela TV Cultura por mais de 20 anos.
O Observatório se tornou uma das principais referências em crítica de mídia, abordando temas como ética, manipulação de informação, concentração de meios e liberdade de expressão.
Obras e contribuições literárias
Além de jornalista, Dines foi autor de vários livros, muitos deles dedicados à história e à crítica de mídia. Entre suas obras mais conhecidas estão:
- Morte no Paraíso – A Tragédia de Stefan Zweig (1981), uma biografia detalhada do escritor austríaco que se exilou no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial;
- O Papel do Jornal (1993), uma análise sobre o papel social e político da imprensa;
- Passageiro do Futuro (2005), com reflexões sobre os rumos do jornalismo contemporâneo.
Morte no Paraíso, em especial, foi traduzido para diversos idiomas e é considerada uma das biografias mais importantes já escritas no país.
Reconhecimento e legado
Ao longo da carreira, Alberto Dines recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais, entre eles o Prêmio Jabuti, o Prêmio Esso Especial de Contribuição ao Jornalismo e o Prêmio ANJ de Liberdade de Imprensa.
Seu trabalho ajudou a consolidar o jornalismo como uma profissão intelectual e ética, que deve estar a serviço da verdade, da democracia e da sociedade.
Morte e legado duradouro
Alberto Dines faleceu em 22 de maio de 2018, aos 86 anos, no Rio de Janeiro. Sua morte foi amplamente lamentada no meio jornalístico e acadêmico, sendo lembrado como um mestre das redações e um guardião da crítica de mídia.
Seu legado continua vivo através das gerações de profissionais formados sob sua influência e do acervo intelectual que deixou.
Frases marcantes de Alberto Dines
- “Jornalismo é exercer a cidadania com uma caneta.”
- “O jornalista deve incomodar, questionar e esclarecer — nunca bajular.”
- “A imprensa é o espelho da sociedade, e o jornalista, o seu intérprete mais atento.”
Conclusão
Alberto Dines foi mais do que um jornalista — foi um pensador da comunicação, um educador e um crítico incansável do próprio ofício. Sua vida reflete o compromisso com a verdade, a liberdade e a responsabilidade social da imprensa.
Sua trajetória mostra que o jornalismo não é apenas o registro dos fatos, mas também uma forma de resistência e de construção da democracia.